Ayurveda Ciência Indiana
As massalas indianas (conjunto de temperos) é a base da culinária ayurvédica, pois eles ajudam a prevenir doenças como câncer, problemas cardiovasculares, diabetes, problemas digestivos e até alergias.
Você ouve falar em genoma, DNA, mapeamento humano e fica surpresa com a possibilidade de a medicina moderna silenciar algumas expressões genéticas que herdamos dos nossos pais – a de acumular gordura na cintura, por exemplo.
Mas consegue imaginar que essa mesma medicina de ponta comprova os conceitos da ciência indiana milenar, a ayurveda?
Pois é isso o que está acontecendo.
“Só agora, com a descrição dos genes, temos certeza de quando uma pessoa tem sensibilidade a determinado alimento, não consegue reagir bem ao frio ou ao calor e apresenta predisposição a certas doenças ou a engordar.
E os sábios indianos já faziam isso de maneira empírica – a partir das características físicas e do temperamento do paciente”, explica a médica Vânia Assaly, de São Paulo.
Diretora científica da Latin American Lifestyle Medicine Association (Lalma), ela apresentou o assunto no 5° Meeting Brasileiro de Nutrição Estética, no mês de maio de 2018, em São Paulo, e mostrou que a relação entre as duas ciências encurtou o trabalho dos pesquisadores atuais:
“Em vez de partirmos do zero, estudamos as ervas e especiarias (a cúrcuma é uma delas) já aplicadas pela ayurveda como ‘antídotos’ contra os desequilíbrios do organismo”,
complementa Vânia.
Talvez você nem desconfie, mas já coloca em prática algumas das estratégias indianas.
Aprender cozinhar usando as massalas indianas (conjunto de temperos) é a base da culinária ayurvédica, pois eles ajudam a prevenir doenças como câncer, problemas cardiovasculares, diabetes, problemas digestivos e até alergias.
Muitos dos estudos feitos se concentram nos poderes curativos da cúrcuma, que é a base das especiarias indianas.
Alguns deles apontam a eficácia da cúrcuma na prevenção e combate ao câncer.
A comida ayurvédica costuma ser caseira, simples, saudável, fresca,vegetariana e cheia de sabores intrigantes e curativos!
Com apenas cinco temperos, podemos criar um universo imenso de sabores, nos pratos do dia a dia:
Tem um aroma de terra e sabor forte.
O sabor é predominantemente amargo. Além de já ter sido comprovada sua eficácia anticancerígena, também é estimulante do cérebro, protege contra doenças cardíacas e fortifica os pulmões.
Cominho
E agradável e tem aroma de nozes.
O sabor é picante e estimula o sistema digestivo, é usado para tratar gases, além disso, pesquisas mostram que o cominho pode estimular as enzimas pancreáticas.
Coentro
Sementes e folhas frescas são mais usadas, tem um aroma cítrico muito gostoso. O sabor é adstringente e também estimula o sistema digestivo.
Alguns estudos sugerem que ele pode ser útil para tratar alguns tipos de câncer, diabetes, doenças cardiovascular e baixar o nível do mau colesterol (LDL) e aumentar o nível do bom colesterol (HDL).
Semente de mostarda
Adiciona um sabor picante e estimulante que pode ser acrescentado em alimentos gordurosos.
Tem sabor picante.
Pimenta Caiena
Deve ser usada com moderação, assim ela dará sabor e calor à comida sem mudar o sabor do prato.
O sabor é picante.
As pimentas em geral contêm capsaicina, que comprovadamente interrompe a resposta da dor.
Também estimula o metabolismo e é benéfica para o coração, por suas propriedades desobstrutivas.
Existe ainda um outro segredo no uso das especiarias e temperos, uma técnica chamada ‘tadka’, ou aquecer os temperos no óleo para realçar o sabor.
Somente acrescentar temperos secos à comida não dará um bom resultado, isso vai deixar a comida com gosto seco e amargo.
Todos os temperos devem ser aquecidos no óleo, especialmente a cúrcuma, para acentuar mais o sabor.
Cada um, cada um
Mas não vale copiar o cardápio da amiga: individualidade é a palavra-chave.
Na ayurveda, cada um de nós tem seu próprio dosha (tipo de temperamento), geralmente regido por dois dos cinco elementos da natureza: água, fogo, terra, ar e espaço.
Se você se irrita com facilidade, provavelmente é pitta (fogo+ água) – os outros dois doshas são vata (ar + espaço) e kapha (terra + água).
Eles influenciam a personalidade, o metabolismo, a estrutura física e até a forma como interagimos com o ambiente e com as outras pessoas”, explica a terapeuta ayurveda e culinarista funcional Xanda Fogaça, de São Paulo.
Por isso a importância de eles serem mantidos em equilíbrio, o que é feito com alimentos e atividade física.
São poucos os nutricionistas que montam um plano alimentar com as táticas de equilíbrio dele – e mesmo os profissionais que recorrem a elas recomendam apenas o básico.
“Eu mesma tomo um shot digestivo (à base de gengibre – um curinga na ayurveda) ao acordar e tempero a comida com muitas especiarias”, diz a nutricionista curitibana Astrid Pfeiffer, que estudou na Índia e também apresentou palestra sobre a alimentação milenar no Meeting de Nutrição Estética.
Um tratamento mais intenso (geralmente com jejum, chás e massagens), segundo Astrid, deve ser realizado com acompanhamento de um médico especializado.
Mas suas pacientes sempre saem do consultório pelo menos com um cardápio que inclui ervas e especiarias específicas para o dosha.
E, no retorno, o relato dos efeitos são quase sempre positivos: melhora na textura da pele e na digestão – muitas delas deixam de sentir aquele estufamento no fim das refeições.
Não é só isso: “O organismo passa a reter apenas o que precisa, sem acumular restos”, complementa Xanda.
Tchau, gordurinhas!
Caminho das Índias
Alta, magra e perfeccionista?
Algumas pessoas arriscariam dizer que seu dosha é pitta.
Porém, o diagnóstico depende da avaliação da pulsação feita por um profissional experiente.
Depois disso, você pode colocar em prática alguns princípios na alimentação.
Aqui, reunimos sugestões para equilibrar seu organismo.
Você acha que é meio vata, meio pitta?
“Geralmente as pessoas apresentam dois tipos de dosha”, explica Astrid Pfeiffer.
E, dependendo do momento da vida, um terceiro pode se sobrepor aos dois primeiros, causando descompasso – stress, medicamentos, doenças, má alimentação e sobrepeso tendem a causar esse efeito.
Mas certos ajustes na dieta devolvem o estado normal. Ufa!
Kapha
PERFIL
Elementos: terra + água.
Atributos: estrutura física forte e larga, com tendência à obesidade.
O sedentarismo pode levar à apatia.
Sintomas de desequilíbrio: má digestão, cansaço excessivo, sobrepeso.
Coma mais: verduras, legumes e outros alimentos com bastante fibra.
Consuma menos: alimentos muito salgados ou muito doces e massa.
Sabores ideais: doce (vindo dos legumes), levemente salgado, ácido.
GUIA DE COZINHA
“O metabolismo mais lento de kapha deve ser compensado com temperos como gengibre e pimenta caiena”, indica a nutricionista Vitória Falcão, de São Paulo.
Frutas: prefira as secas, mas cuidado com as muito doces.
Verduras, grãos, leguminosas e lácteos (de origem vegetal): modere na porção, sempre acompanhada da masala (ou temperos para kapha).
Oleaginosas: coloque no prato esporadicamente.
Óleos: prefira o de mostarda, girassol ou canola.
Adoçantes: mel (com mais de seis meses) e estévia.
Temperos: canela, gengibre, coentro e pimenta caiena – ou faça sua Masala Kapha.
Pitta
PERFIL
Elementos: fogo + água.
Atributos: Pense em uma pessoa agitada!
Você tem alto nível de energia e pouca paciência. Também ganha massa magra com facilidade.
Sintomas de desequilíbrio: gastrite, ardência na pele ou excesso de sede.
Coma mais: frutas e folhas verdes.
Consuma menos: alimentos condimentados e apimentados, além de alho e cebola.
Sabores ideais: doce e amargo.
GUIA DE COZINHA
“Para trazer o sabor doce aos pratos salgados, use vegetais como abóbora cozida. Complete com ervas refrescantes, hortelã e manjericão, por exemplo”, diz Vitória.
Frutas: priorize as frescas e doces, evite as ácidas.
Verduras: folhas cruas. Grãos: não consuma quentes ou fritos.
Leguminosas: são bem digeridas.
Oleaginosas: em pequena quantidade.
Laticínios: bem-vindos, mas prefira os veganos
Óleos: girassol, oliva e coco em dose moderada, além de ghee (manteiga clarificada).
Adoçantes: sabores doces em geral acalmam.
Temperos: erva-doce, semente de mostarda, cominho e coentro – ou faça sua Masala Pitta.
Vata
PERFIL
Elementos: ar + éter.
Atributos: ágil e leve (estrutura mignon e poucos músculos). Com um metabolismo rápido, é difícil ganhar peso.
Sintomas de desequilíbrio: intestino preso, gases, perda de peso excessiva, agitação, insônia, ansiedade e fraqueza.
Coma mais: alimentos oleosos e pesados, como sopas encorpadas e cremes.
Consuma menos: alimentos crus e preparações geladas.
Sabores ideais: amargo, adstringente e picante.
GUIA DE COZINHA
“As especiarias certas deixam até as sobremesas mais quentes (ideais para vata). Experimente bater abacate com canela e leite de amêndoas”, sugere Vitória.
Frutas: frescas e doces.
Verduras e leguminosas: cozidas com óleos vegetais e temperadas com a masala para vata.
Laticínios: Precisam ser consumidos com o antídoto (masala ou temperos para vata).
Grãos: bons em qualquer tipo de preparação.
Oleaginosas: em pequenas porções, pois são difíceis de ser digeridas.
Óleos: o de gergelim é o melhor, além da ghee (manteiga clarificada).
Temperos: cominho, cardamomo, pimenta-preta e coentro – ou faça sua Masala Vata.
O Segredo do Tempero
Ao sentir o cheirinho da comida indiana, dá para notar a diversidade de especiarias no prato, que procura conter seis sabores (um a mais do que aqueles aos quais estamos acostumadas): amargo, picante, doce, salgado, ácido e adstringente. “Assim, ele estimula pontos diferentes da língua relacionados a funções distintas do organismo”, explica Xanda.
Porém, o ideal é que alguns sabores sobressaiam de acordo com o dosha.
Outra opção é preparar uma masala própria para seu perfil e temperar com ela a comida do dia a dia.
Por : Manuela Biz ,Eliane Contreras e Redação Mulher
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